sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Capítulo 10

Minha mãe estacionava o carro na garagem, que ficava do lado direito da nossa casa.
A garagem tinha uma capacidade para dois carros, e uma moto.
Eu saia do carro, minha mãe também saia do mesmo.
Entre a garagem e a porta da sala de visitas, a pessoa tinha que sair da garagem para chegar na porta principal - para ir para a sala de visitas - e foi isso que fizemos, eu fui primeiro, pois minha mãe ia fechar a garagem.
Abri a porta, meu pai estava deitado no sofá - com a roupa do trabalho, meias nos pés, e gavata, ainda -, as mãos por sob os olhos, e as pernas estavam apoiadas no apoio do sofá; a esquerda por cima da direita.
Quando entrei junto com minha mãe, ela gritou, assustou-o.
- Pedro, acorda!
- O que? - acordou num susto, parecia que tinha ouvido uma explosão. - O que aconteceu? - ele procurava na casa toda, alguém... imaginário.
- Nada, só você dormindo no sofá. - minha mãe cruzava os braços para ele.
- Ah! - com rumor na voz. - Deixa eu dormir em paz, mulher.
Minha mãe vira-se para mim, com aquele olhar "filho, você tem que sair daqui, porque vai rolar briga."
- Filho, vá pro quarto, eu tenho que conversar com seu pai, está bem?
- Tá bem, mãe.
Subi para meu quarto, eu já sabia o que ia acontecer naquele exato momento - uma briga entre minha mãe, e meu pai. Eu tinha certeza disso.
Antes de subir para o quarto, eu tinha notado que meu pai estava com a fisionomia estranha, cansada. Quando chegei no quarto, abri a porta, entrei, retirei minha mochila; estava tão pesada que não consegui tira-la para colocar no lugar onde eu sempre coloquei, logo, fui jogando ela por cima da cama. Enfim, sentei na cama para retirar o ridiculo sapato preto - naquela época, eu odiava preto, principalmente aquele sapato. Tirei a calça, e vesti um short amarelo, por um lado, eu gostava daquele short, mas, odiava o camisa na qual minha mãe comprara pra mim usar.
Deitei na cama, para ler o meu livro, eu lia gagejando, soletrando as palavras, eu tinha apenas dez anos de idade.
Estava uma tranquilidade dentro do meu quarto, eu lia baixo, não dava para se ouvir minha voz no ar, logo, estranhei aquele silencio.
Era meio-dia, alguém batia na porta, era minha mãe chamando-me para almoçar, eu disse à ela:
- Já vou, mãe, deixa eu terminar de ler o capitulo aqui.
- Venha logo, senão a comida esfria.
- Esta bem, mãe.
Eu já sabia do sistema lá de casa, então, fui lavar as mãos no banheiro - que ficava no corredor, bem ao lado do meu quarto. Saia do banheiro, e fui direto para a cozinha, passando pelo corredor, e os degraus, chegando na cozinha, gritei:
- Podemos almoçar?! - eu estava curioso em saber.
- Podemos, meu filho.
Ás vezes, meus pais escondiam a tristeza, as brigas, magoações, tudo para não demostra-los estes diante de mim.
Quando meu pai estava com raiva, ele simplesmente saia de casa e ia para o bar, beber. Eu nunca via meu pai depois de uma briga, dele com mamãe. Eu acho que ele saia para eu não o veja com uma expressão de raiva, por esse motivo, uns momentos, eu admirava meu pai.
Meu pai estava feliz, nem parecia que ele gritou com minha mãe quando eu cheguei da escola, pelo visto, eles não tinham discutidos. Isso era muito bom pra mim, e pra eles.
- Como foi a aula hoje, filho? - meu pai perguntando aquilo. Era estranho.
- Foi ótimo, pai.
- Que bom, meu filho.
- Adivinha, amor, nosso filho com uma garota, de mãos dadas vindo no nosso rumo.
Meu pai não tinha entendido aquilo; só por sua expressão no rosto.
- Nosso? Tinha mais alguém com você?
- Tinha, a mãe da garota, ela se chama Renata, não é Daniel?
- É mãe. E da garota é Amanda.
- Filho, tome cuidado com isso, esta bem assim? - a primeira vez que meu pai se preocupou comigo.
Desde de onde? Ele sempre brigava comigo, não me respeitava, e apesar de tudo, fez esse comentário.
E logo, menti.
- Tá pai, eu prometo.
Eu já tinha tinha terminado com meu almoço, então, me levantei e fui deixar o prato na pia, para depois minha mãe e eu lavar. Voltei, dei um beijo na minha mãe, e também no meu pai, apesar do beijo parecer forçado.
Depois, eu subia para meu quarto...

Nenhum comentário:

Postar um comentário